Na conversa diária, usamos a palavra política nos diversos sentidos. Exemplo: A política da empresa, para alguém muito intransigente aconselhamos ser “mais político”. Mas afinal, de que se trata a política? A política é a arte de governar, de gerir o destino da cidade. Se analisarmos os movimentos históricos, veremos que esta definição toma mudanças das mais diferentes, assim como variam as expectativas a respeito de como deve ser a ação do político.
Política está extremamente ligada ao poder, são muitos os múltiplos caminhos, se quisermos estabelecer esta relação. Desde modo, entendemos a política como a luta pelo poder.
PODER E FORÇA
Poder é a capacidade ou a possibilidade de agir, de produzir efeitos desejados sobre indivíduos. Supondo dois polos: o de quem exerce o poder e o daquele sobre o qual o poder é exercido. E para que alguém exerça o poder é necessário força.
Força para mobilizar um certo número de eleitores. Porém, força não é sempre o revolver apontado para alguém, pode ser o charme de um ser amado, quando extorque alguma decisão.
ESTADO E LEGITIMIDADE DO PODER
O Estado para ter o funcionamento de manutenção do poder, precisa ter legitimidade, que se configura pelo consentimento dos governados. A discussão a respeito da legitimidade do poder é importante na medida em que a obediência é prestada apenas ao poder consentido, situação na qual é voluntária e, portanto livre. Caso contrário, abre-se a brecha do direito à resistência.
Ao longo da história foram adotados os mais diversos princípios da legitimidade do poder. Como exemplo, confira na tabela:
ESTADO
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LEGITIMIDADE
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Estado Teocrático
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O poder legítimo vem da vontade de Deus
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Monarquias Hereditárias
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O poder é transmitido de geração a geração
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Governo Aristocrático
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Os melhores exercem função de mando (os melhores variam conforme o tipo de aristocracia)
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Democracia
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O poder legítimo nasce da vontade do povo
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INSTITUCIONALIZAÇÃO DO PODER
Com a institucionalização do Estado, o governante não mais se identifica com poder, mas é apenas o depositário da soberania popular. O poder legítimo é, portanto, um pode de direito, que repousa não mais na violência nem no privilégio de classe, como acontecia na idade média, mas no mandato popular. O súdito transforma-se em cidadão, já que participa ativamente da comunidade cívica.
Com a secularização da consciência, o Estado distanciou-se da maneira de pensar medieval, predominante religiosa. A tese de que todo poder emana de Deus, contrapôs-se a teoria da origem social do pacto feito sob o consentimento dos indivíduos.
Sob o impacto do Século das Luzes, no século XVIII, expandiu-se a defesa do constitucionalismo, entendido como a teoria e a prática dos limites do poder exercido pelo direito e pelas leis. Portanto, o poder torna-se legítimo porque emana do povo e se faz em conformidade com a lei.
REFLEXÃO SOBRE A DEMOCRACIA
Entendemos por democracia como, “governo do povo”, “governo de todos os cidadãos. Se política significa “o que se refere ao poder”. Onde é o lugar do poder na democracia? Segundo Marilena Chaui, as determinações do conceito de democracia são as ideias de conflito, abertura e rotatividade.
Conflito
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Ao contrário do sentido pejorativo, divergir é inerente a sociedade pluralista. Se a democracia respeita o pensamento divergente, isto é, ela também admite uma heterogeneidade essencial. Se evitarmos os conflitos, corremos o risco de camufla-los, ou reduzi-los à mera oposição contra oposição.
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Abertura
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Na democracia a informação circula livremente e a cultura não é privilégio de alguns. Um povo instruído é um povo que aumenta seu poder de reivindicação: daí, a necessidade da ampla extensão da educação.
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Rotatividade
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O poder na democracia não privilegia grupo ou classe, mas permite que todos os setores da sociedade sejam legitimamente representados.
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FRAGILIDADE DA DEMOCRACIA
O exercício do poder muitas vezes perverte-se nas mãos de quem o detém. Aceitar a diversidade de opiniões, a grandeza da tolerância, a visibilidade plena das decisões é exercício de maturidade política. Por isso mesmo, a democracia é frágil e não há como evitar o que faz parte própria da natureza.
O EQUILÍBRIO INSTÁVEL DE FORÇAS
Como vimos, a democracia não constitui um modelo a ser seguido, mas algo que se constrói pelo diálogo, pelo enfrentamento dos conflitos de opiniões divergentes, tendo em vista o bem comum. A liberdade democrática não se refere, porém à conquista exclusiva de direitos, mas supões que o cidadão assuma seus deveres pela conscientização das exigências do convívio social de seu tempo.
O equilíbrio das forças políticas é sempre instável e por isso exige a atenção constante para os riscos de desvio do poder. Por isso mesmo a condição do fortalecimento da democracia encontra-se na politização das pessoas, que devem abandonar a passividade política e o individualismo para se tornarem mais participantes e conscientes da coisa pública.
Referências com base no livro, "Filosofando: Introdução a filosofia. "